A MODERNIDADE DO PAÍS É APARENTE.
A TECNOLOGIA NO PAÍS É QUASE TODA IMPORTADA, NÃO É MÉRITO NOSSO. A ATITUDE INICIA NA PEQUENA EMPRESA QUE NÃO INVESTE EM INOVAÇÃO OU NA MELHORIA DOS PROCESSOS E FINALIZA NO MINISTRO QUE DECIDE A LOCALIZAÇÃO DE UM AEROPORTO.
Em quase todas as profissões se encontra mérito na valorização do ser humano. A medicina é essencial para debelar doenças, antes tidas como irresolúveis, melhorando a vida humana. O primado do direito é um bem publico essencial, cumpre a função essencial nas sociedades para mitigar o risco de caos, melhorar a confiança mútua que dá coesão. A economia e a gestão que melhoram a eficiência na utilização dos recursos escassos.
Mas, não seria possível às várias profissões demonstrar os seus méritos e valor se não tivessem um ambiente apropriado para atuarem. Foi preciso transformar a Natureza para proporcionar qualidade de vida e as melhores condições.
O efeito multiplicativo para a criação de valor não emergiu de forma espontânea. Foi possível pelo conhecimento empírico, mas sobretudo pela tecnologia baseada na matemática e na ciência. A engenharia é a atividade que cria o suporte dos ambientes e os meios técnicos necessários por todos. Na procura de soluções para os problemas da humanidade, a engenharia cria sistemas cujo resultado é superior ao custo dos seus inputs. Ou seja, cria eficiência e progresso para as diversas atividades humanas.
Atualmente, a humanidade prospera e cresce em grandes cidades porque foram os engenheiros a desenvolver a urbanização, o saneamento ou o elevador. Foi o saneamento que inverteu a antes corrente mortandade de milhões de pessoas e impedia o progresso e a qualidade de vida. Foi a tecnologia da máquina a vapor, depois a elétrica ou do motor de explosão, que promoveu a produção massificada de alimentos, vestuário, meios de locomoção ou comunicação.
Foi a partir do pensamento abstrato, da matemática à quântica, que a engenharia criou o computador, as redes de satélites que alimentam os telemóveis que todos têm no bolso. Tais conceitos abstratos estão na base da tecnologia informática até à inteligência artificial. Estas tecnologias estão já a revolucionar a forma como todos vivemos e a viver no futuro.
A transformação tecnológica pelos engenheiros deu origem a várias revoluções industriais. Estas conduziram às várias mudanças na sociedade, na economia, no direito, na medicina. Entre tantas situações, induziram revoluções e a criação de constituições; sustentam a democracia; levaram à emergência e expansão da classe média, aos direitos das mulheres e das minorias; à difusão do ensino, cultura e saúde, hoje (quase) universais.
Apesar do papel essencial no progresso, a sociedade não reconhece assim tanto o papel do engenheiro. Entre as demais profissões, o engenheiro aplica o raciocínio mais abstrato (matemática, física, algoritmos). Talvez essa formação o leve a concentrar nas soluções técnicas e a abstrair-se da exposição que beneficia outras atividades.
Apesar de utilizar a tecnologia em tudo o que envolve a sua vida quotidiana, o publico tende a dar relevância ao profissional que lhe resolve os seus problemas diretos. Tem valor aquele que o atende na consulta médica; que lhe resolve o problema no tribunal; que lhe dilata a fortuna; ou lhe vende a casa. São esses os profissionais que as pessoas valorizam.
Como a tecnologia que nos envolve a todos tem um uso tão acessível (friendly) e, na sua forma exterior, parece ser tão evidente, quase todos têm opinião sobre as melhores soluções. Por vezes vale mais a opinião do comercial que foca a venda do que a do engenheiro com o seu conhecimento técnico-científico. Assim, não é de estranhar que até os decisores da Nação, como os políticos ou os gestores financeiros, tenham a opinião mais validada sobre problemas que são do âmbito da engenharia. Vale a opinião de quem ganha mais e tem o poder. Os engenheiros são assim ser relegados para uma posição secundária, que não conta para a decisão dos processos produtivos. Tal efeito mede-se na evolução salarial comparada dos engenheiros com outras profissões.
Claro que esta postura conduz à decadência, lenta, mas contínua da sociedade. Daí, segue para a pobreza relativa. Portanto, não é de estranhar que, mesmo nos melhores anos, o país já não consiga ultrapassar de um crescimento apático. Ou, que os melhores técnicos emigrem para outros países bem-sucedidos onde são valorizados. Esta postura geral na sociedade irá decerto conduzir ao contínuo esvaziamento do suporte técnico de elevado valor. Bem, até ao dia em que o governo decidir reduzir o orçamento para a formação técnica de excelência porque considera inútil alimentar o progresso de outras nações.
A modernidade do país é aparente. A tecnologia no país é quase toda importada, não é mérito nosso, exceto os poucos casos bem-sucedidos. A atitude inicia na pequena empresa que não investe em inovação ou na melhoria dos processos. Finaliza no ministro que decide a localização de um aeroporto.
Temos, portanto, um problema geral de âmbito cultural e processual. A economia só poderá crescer com inovação e eficiência. Requer engenheiros
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