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  • Foto do escritorJoaquim Nogueira de Almeida

CARBONO ZERO DA TEORIA À PRÁTICA NA ICC EM PORTUGAL

Atualizado: 26 de jul. de 2021



Muito se tem falado do Acordo de Paris, e dos objectivos do Carbono Zero do Pacto Ecológico Europeu. Simplificando, pretende-se como objectivo ter uma sociedade em 2050 completamente neutra na questão de poluição (carbono?).


Esta semana recebi informações sobre uma noticia interessante sobre a aplicabilidade destas intenções em concreto na ICC (Industria da Construção Civil). Curiosamente não veio da União Europeia mas do Reino Unido, agora fora da UE.


O Construct Zero Performance Framework foi desenvolvido para fornecer ao Conselho de Liderança de Construção (CLC) 'um painel do nível de setor no progresso em direção ao carbono zero .

O objetivo é "motivar" as construtoras a agir e demonstrar o progresso do setor nesta matéria.

A estrutura define os principais compromissos para a redução de carbono, junto com uma série de medidas e métricas para mostrar como o progresso está a ser feito. O desenvolvimento da estrutura baseia-se no trabalho realizado em todo o setor por grupos de especialistas e órgãos representativos.


Os compromissos principais incluem 78% das máquinas a diesel a serem eliminadas dos estaleiros de obras até 2035, reformar 27 milhões de casas alimentadas com combustíveis fósseis até 2040 e reduzir a quantidade de energia usada para produzir produtos e materiais de construção.


Desde que o governo do Reino Unido emendou a Lei de Mudanças Climáticas em 2019 para comprometer o país a atingir emissões de carbono zero até 2050, a indústria da construção foi confrontada com a necessidade de descarbonizar.


O Construct Zero Performance Framework resultou de consultas à Indústria da Construção Civil, com mais de 2.500 contribuições recebidas. No entanto, é descrito como este ser ainda "o início de uma conversa", projetada para ser revista e melhorada ao longo do tempo, de forma a alinhar-se com as mudanças da indústria e da força de trabalho.



Os compromissos práticos são:

  • 78% dos motores a diesel serão eliminados dos estaleiros de obras até 2035

  • Minimizar a lacuna de produtividade entre a produção média por trabalhador da construção e da economia até 2035

  • A partir de 2025, as aplicações de planeamento do sector devem estarem ligados ao do transporte público activo e incluindo a recarga dos EV (Veículos Elétricos).

  • Trabalhar com o governo para remodelar 27 milhões de casas até 2040

  • A partir de 2025, todos os novos edifícios serão projetados com sistemas de aquecimento de baixo carbono

  • A partir de 2025, todas as novas casas e edifícios irão minimizar o consumo de energia e reduzir as emissões de carbono em 75% nas residências e pelo menos em 27% nos edifícios comerciais, em comparação com os padrões de 2021

  • Qualquer comprador de um produto da ICC (empresa ou particular) receberá a partir de 2030, os dados de produção de carbono, para poder fazer escolhas conscientes relativamente à poluição causada.

  • A partir de 2022, todos os clientes terão opções alternativas de design de projecto Net Zero, ou seja carbono zero.

  • Até 2035, as emissões de produtos de construção serão reduzidas em 66% a partir de 2018

  • 1.500 empresas e clientes da indústria da construção devem assinar um plano mensurável de redução de carbono (incluindo Race to Zero, Science-Based Targets ou Climate Hub) até 2025.

Abaixo de cada um desses compromissos de título está uma série de sistemas de avaliação denominadas 'medidas de sucesso'. Elas serão usados ​​pelo CLC para rastrear e relatar o progresso.

Os dados serão coletados trimestralmente e publicados no site Construct Zero do CLC como um 'painel' de carbono da indústria. A primeira atualização está programada para o outono de 2021.

A ministra da construção, Anne-Marie Trevelyan, que co-preside o CLC, disse:

A Estrutura de Desempenho fornece ao governo e à indústria um painel de progresso em direção ao carbono zero, destinado a permitir que as empresas avancem e encorajem aqueles de fora do setor a darem os principais passos no caminho mais abrangente para atingir o carbono zero. É importante que o sector se responsabilize pelos compromissos que assumiu;
A Estrutura de Desempenho permitirá que a indústria faça isso, relatando o progresso trimestralmente, com base nos dados existentes publicamente disponíveis

O outro co-presidente da CLC, Andy Mitchell, disse:


Estamos a ver uma enorme procura de todo o sector para avançar rumo ao carbono zero, e isso refletiu-se no nível de feedback que recebemos da consulta, quando testamos essas medidas com a indústria. Podemos ter confiança de que essas medidas ajudarão-nos a guiar em direção a um futuro de baixo carbono e estou ansioso para ver o progresso.


Verifico que há países onde a ICC continua a ser um parceiro activo na evolução da sociedade contribuindo com soluções para a melhoria de eficiência e descarbonização desta industria.

Talvez seja ignorância minha, mas não vejo em Portugal, nem o governo, nem as associações de empreiteiros nem a maior parte dos actores da ICC em geral a tomar a rédeas deste assunto para colocar a nossa Industria da Construção ao nível das suas congéneres europeias.

A própria Ordem dos Engenheiros que promoveu algum debate sobre esta matéria, parece que não conseguimos passar da teoria à prática e conseguir definir objectivos concretos para serem atingidos pela ICC.

Será assim?

A confirmar-se esta apatia generalizada, não posso deixar de criticar o "laissez faire, laissez passer" que nesta matéria, como em tantas outras, se permite a desqualificação de uma parte importante da nossa economia e da possível competitividade perante os congéneres europeus.


Fala-se muito mas faz-se pouco.


Joaquim Nogueira de Almeida




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