Tentamos escrever sobre um outro tópico, entretanto é difícil sair do tema desse filme de ficção científica que virou realidade e atingiu toda a sociedade de surpresa. O COVID-19 é um facto e, em menor ou maior escala, também impactou a tua vida. Se és o tipo de pessoa que tem curiosidade e compromisso com a verdade, é provável que ele tenha trazido à tona muitos questionamentos e sentimentos antes ignorados. Indagações como “Estou satisfeito com a minha vida?” ou “Sou feliz fazendo o que faço?” podem surgir e a resposta nem sempre é agradável.
Ofereço uma perspectiva quanto a essas indagações: há algo intrínseco ao ser humano que, na verdade, ele é mais feliz ao ver o outro feliz e, portanto, quer servir e fazer o bem ao próximo. Viver por motivos apenas egoístas como aumentar a riqueza e o conforto próprio nunca o fará pleno, deixando sempre a sensação de que falta algo. O COVID-19 revelou o poder da compaixão do ser-humano e elevou o espírito de comunidade. Portanto, essa é também a primeira lição: ajudar ao próximo é ajudar a si mesmo. Se possível, nos teus próximos projetos, busque incluir algo que contribua para a sociedade também!
A depender de para qual lado vão esses questionamentos, muitos podem começar a interrogar também sobre o que há por detrás desse vírus. Há muitas teorias: que ele foi um erro de laboratório, que foi intencional ou fabricado, ou uma adaptação natural do vírus. Independente da resposta, o fato é que a natureza permitiu que isso acontecesse e espalhasse, e a natureza é muito sábia e não erra. Com isso vem a segunda lição: aceitação. As coisas são o que são, não gastemos energia com o que não podemos mudar. Não controlamos a chuva, o vento, o sol, apenas nos adaptamos a eles, e assim devemos seguir.
Para além, cuidar da própria saúde física e mental deve estar em primeiro lugar. Fomos ensinados que nos sacrificar pelo bem estar de outra pessoa é bonito, entretanto isso não passa de um pensamento romantizado. Só somos a nossa melhor versão quando estamos bem, afinal, como cuidar do outro quando não cuidamos nem de nós? Essa é a terceira lição. Aqui entra todos os aconselhamentos clichés que, apesar de muito difundidos, nem sempre aplicamos: fazer atividade física, tirar um tempo para assistir sua série favorita, se tratar com carinho e respeito e meditação.
Indo agora para um viés mais prático e menos filosófico, outro conselho é: estabeleça horários. Estabelecer horários para trabalhar, relaxar ou divertir e efetivamente cumprí-lo. Ao procrastinar, nem se trabalha, nem se descansa, o que leva a mente e o corpo à exaustação, trazendo o sentimento de frustração. Levamos tão a sério o compromisso que fazemos com o outro, por que falhamos quando o compromisso é com nós mesmos, que somos a pessoa mais importante de nossas vidas? Se necessário, divida-se em dois, crie um alter ego que seja seu chefe e amigo que está a esperar o trabalho. Se necessário, combine com seu parceiro, filho ou roomate que, quando estiver a trabalhar, deve-se evitar ao máximo interrompê-lo, para que não se perca o ritmo. Ao atingir o estado meditativo ao trabalhar, o trabalho flui muito bem e uma interferência externa pode tirá-lo desse estado, e nem sempre é fácil voltar lá. Aqui em casa o combinado é o fone de ouvido: quando um está com fone de ouvido, não quer ser interrompido. Falando em fone de ouvido, essa é outra dica: colocar músicas relaxantes e que aumentam a concentração. Caso a mente esteja dispersa e não consiga focar, a música pode ser uma grande aliada.
Antes da pandemia era mais fácil separar o momento de trabalho do lazer, do conforto, do momento com a família etc. uma vez que nos locomovíamos no espaço. Entretanto, agora que todos esses momentos são feitos num mesmo espaço, já não é tão visível no externo, mas ainda pode ser aplicado no interno. Como? Não saia de uma atividade e entre em outra sem um pequeno ritual. Por exemplo: se estava a brincar com teu filho e agora precisa trabalhar, em vez de sair da brincadeira e imediatamente começar tudo em frente ao computador, antes acalme a mente, pare e medite ao focar a atenção na sua respiração por 3 a 5 minutos. Ao trabalhar, transforme esse momento em algo significativo e prazeroso. Sente-se na sua cadeira favorita, pegue o seu chá, abra o notebook e comece. Comece e não desista. A mente é mesmo hábil em interferir e é provável que ela traga qualquer distração para o seu trabalho: um email que precisa ser respondido agora, uma roupa que não foi lavada ou qualquer atividade urgente que vá postergar o que é importante. Portanto continue, converse consigo mesmo que por mais 15 minutos vai continuar a fazer o que tem que ser feito. Assim naturalmente o ritmo vem.
E, na minha concepção, esse é o principal ensinamento do COVID-19:
FAÇA DA VIDA UM RITUAL
Esteja presente em tudo, transforme todos os momentos em algo sagrado e assim verás que é possível ter preocupações, mas não sofrer com elas, ou sofrer menos. Abra mão de ter controle da situação e confie que, não importa o que vier, nos adaptamos. Afinal, somos engenheiros e fortes, sabemos que vamos nos virar bem!
Autora: Ana Luiza de Oliveira
Data: 18/05/2020
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