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Foto do escritorAna Luiza Oliveira

UMA REFLEXÃO SOBRE AS RELAÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL


A construção civil é um ramo encantador na qual tenho orgulho de participar.


Considero-a a arte de materializar edificações que refletem o cenário cultural e econômico de uma sociedade, edificações estas que podem perdurar por gerações e representar a identidade de uma nação, com a habilidade de embelezar ou de desfigurar um local. Junto com esta grande capacidade vem também a grande responsabilidade dos profissionais desse ramo.


Nos últimos anos a ideia de desenvolvimento sustentável criou força, uma vez que é reconhecido que o meio ambiente já não suporta as diversas demandas da sociedade. Conforme já provado por cientista, se continuarmos no ritmo atual em pouco tempo já não haverá mais matéria prima para abastecer toda a nossa linha de produção. A indústria da construção civil tem grande responsabilidade nesse processo pois causa muitos impactos na natureza, já que em prol de uma edificação ou do aumento do conforto alteramos o solo e a vegetação, desviamos percursos de rios, terras são desmatadas e o verde substituído pelo cinza, para além do aquecimento global cujo a indústria cimentícia é considerada um dos seus grandes vilões dado que o processo de fabricação do clínquer gera muito gás carbônico. Em 2018 foi fonte de aproximadamente 8% das emissões de CO2 no mundo.

Sabendo disso, julgo importante uma reflexão mais profunda sobre o assunto.


Qual seria a causa do aquecimento global e deste desequilíbrio na sociedade e na natureza?


Não consigo pensar em uma outra fonte de desarmonia que o egoísmo. A necessidade de ser melhor que o outro, de poder ou de aumento do conforto próprio desencadeia em uma série de adversidades que, em larga escala, resulta em tragédias como a fome, a instabilidade climática e o aquecimento global. Em pleno 2020 está claro que estamos a viver um período especial. Se a internet e a integração econômica ainda não te convenceram que a globalização é um facto, e que o que ocorre em um lado do planeta interfere no outro, o COVID-19 chegou para isso. O planeta é um só e estamos todos nele. Não há para onde fugir para não sofrer as consequências de nossas próprias ações.


Desde o renascimento vivemos um período de crescimento e avanço econômico. Entretanto, consideram que o homem evoluiu na mesma proporção em relação aos seus princípios e virtudes? Teria a fraternidade, a justiça e a empatia aumentado na mesma proporção que a tecnologia nos últimos 500 anos? Para se andar em direção ao abismo mais vale ir a pé que de Ferrari. E foi justo exatamente isso que aconteceu com a nossa sociedade. Evoluíram as máquinas, mas não os motoristas. O resultado vê-se agora com aquecimento global, hiper concentração de renda, hiper exposição a informações não confiáveis, entre diversos outros exemplos.


Em períodos obscuros como os que estamos a viver, onde não se vê ou prevê o que pode acontecer e o medo do desconhecido é avistado no horizonte, a sociedade tende a retrair e a ficar mais egoísta. Entretanto o surgimento do Corona é uma ótima oportunidade para uma reflexão interna e enxergarmos o que realmente importa. Aproveitemos esse período de quarentena para perguntarmo-nos onde podemos melhorar, tanto nas ações externas como, por exemplo, diminuir a quantidade de lixo que produzimos, quanto nas ações internas como evitar o julgamento e aumentar a empatia. É um tempo para fomentar a união, conforme está evidente agora.


Portanto, busquemos deixar de tratar clientes, funcionários ou patrões como números que podem nos oferecer algo e a enxergar que são todos humanos, com famílias, sonhos e vontades, e que todas as vidas importam. Em um ramo tão competitivo como o nosso, voltemos a humanizar as relações e a ajudar-nos e, como consequência, teremos obras mais limpas, construções com menos patologias, clientes mais satisfeitos, sem negligenciar o retorno financeiro tanto em escalas menores (empresas) como maiores (planeta).


Autora: Ana Luiza de Oliveira

Data: 17/03/2020


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