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  • Foto do escritorJoão Manuel Correia

COVID SAR1, EM 2003 O QUE A ENGENHARIA FEZ


UM CASO PRÁTICO DE COMO A ENGENHARIA E A CONSTRUÇÃO CONTRIBUÍRAM PARA COMBATER O VIRUS COVID SAR1



Num caso de pandemia de como vivemos nesta altura devido ao COVID-19, muitos países decretaram o “Estado de Emergência” e eliminaram a construção civil das actividades essenciais com permissão de manter a actividade.


Fomos ao baú das memórias de 2003 onde num caso prático ocorrido no Hospital Egas Moniz, demonstramos que afinal há muito mais necessidade da construção civil do que a actual situação nos impõe.


Em 2003, quando apareceu o primeiro Covid SAR1, o âmbito do trabalho realizado iniciou-se com um levantamento de todas as infraestruturas e estruturas, e avaliar as que precisam de ser reparadas ou substituídas.

Foram recolhidos depoimentos das Enfermeiras Chefe e médicos, de forma a identificar toda a infraestrutura existente, materiais aplicados e historial de cada construção.

Consequentemente iniciámos a preparação de todos os trabalhos de construção civil necessários, orçamentá-los, desenvolver soluções de engenharia.

Como exemplo, principiámos nas instalações sanitárias dos Serviços de Cardio/Pneumologia, Neurocirurgia e Neurotraumatologia do Hospital de Egas Moniz a:

· Substituir as tubagens das redes de águas e esgotos

· Redes de águas – tubos exteriores em aço inox

· Rede de esgotos – ligações à rede de esgotos em PVC

· Limpeza das paredes e pintura sobre os azulejos

· Remoção dos pavimentos e aplicação de mosaicos antiderrapantes

· Pinturas de tectos

· Substituição das louças sanitárias

· Reestruturação da instalação eléctrica, nomeadamente da iluminação


Relativamente à unidade de doenças infecto-contagiosas e parasitárias, em que o serviço estendia-se por três pisos incluindo o sótão (à data de 2003) verificou-se que não possuía aquecimento central, sendo o aquecimento garantido por um conjunto de radiadores de resistências eléctricas. Verificámos igualmente a existência de quartos de isolamentos servidos por um sistema de ventilação que garantia pressão negativa (pressão inferior à atmosférica, o ar entra do exterior para o interior). No entanto as janelas de quartos não estavam completamente isoladas do exterior (mal isoladas), havendo igualmente falhas no isolamento térmico por rotura na tubagem, falta de molas nas portas para garantir o correcto fecho das portas e de tecto falso para tapar tubos

Relativamente à água quente sanitária, o sistema instalado consistia em dois circuitos em anel que distribuem a água a partir de um termoacumulador localizado no 1º piso do bloco. O termoacumulador destinado a reaquecer a água proveniente da central, possuía as resistências de aquecimento avariadas pelo que naquele momento não existia


No Bloco Operatório os problemas detectados foram os problemas gerais de recuperação de portas, pinturas de paredes, tectos e rodapés. Verificação de condutas, canalizações, sanitários, torneiras, válvulas, iluminação, redes de energia, tomadas de energia, etc. Observaram-se igualmente humidades nos cantos e de pontos de infiltrações. Algumas dessas infiltrações nomeadamente no tecto da caixa da conduta foram consideradas graves, a tinta estava a escamar e a fazer bolsa.

Na sala F104, onde existiam as bancadas, o esgoto entrava dentro de uma das máquinas de descontaminação (máquina referência HAMO).


Quanto ao Serviço Central da Esterilização, os tectos falsos eram novos. Existia um ruído ensurdecedor nesta sala. Foi necessário verificar e estudar o amortecimento das máquinas que operavam neste serviço. As condições de trabalho eram más. O espaço só tinha quatro janelas que precisavam de ser substituídas ou reparadas.


Relativamente ao espaço de Esterilização, existiam infiltrações muito graves. Estava colocado nesta sala nas paredes, junto às janelas, um balde para recolha de água, isto num serviço totalmente remodelado à menos de um ano. Junto a uma das condutas de ventilação de ar condicionado existia bolor. As tintas dos tectos estavam completamente degradadas com manchas diversas, estando a escamar e a fazer bolsa. Existia igualmente bolor nas vigas estruturais. Isto tudo ao pé de material esterilizado (unidades de pacotes de cinco compressas 10´10 cm). Quanto às janelas, estas deviam ser todas substituídas.


Relativamente a virus, bacterias e amianto. Foi manado analisar o material das condutas, tectos falsos e materiais no LNEGI.


Nem o Hospital Egas Moniz foi encerrado por falta de condições em muitas das suas instalações, nem o Hospital Francisco Xavier viu encerradas as suas instalações antigas conforme recomendado.

De uma forma geral é sempre preferencial intervenções profundas cumprindo toda a legislação actual e recomendações do que ir fazendo obras de remendos. Aliás penso que ficou tudo na mesma.


CONCLUSÃO

Os Engenheiros não deveriam ser descartados neste e noutros processos. São uma peça essencial no puzzle e principalmente na prevenção, planeamento e antecipação nas infraestruturas que suportam a nossa vida. Neste caso a dos Hospitais que obrigatoriamente deverão ter condições de tratamento garantidas por o correcto funcionamento das usas instalações.

João Manuel Correia


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