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EFLORESCÊNCIA: UMA PATOLOGIA PERSISTENTE

  • Foto do escritor: Ana Luiza Oliveira
    Ana Luiza Oliveira
  • 5 de ago. de 2020
  • 4 min de leitura

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Figura 1: Mofo, infiltração e corrosão decorrentes da impermeabilização inadequada


A ĂĄgua sempre procura uma maneira de se adaptar. Ela nĂŁo briga com o obstĂĄculo, simplesmente o contorna, sendo por isso tĂŁo difĂ­cil de ser combatida. Proteger os locais que entram em contato constante com a ĂĄgua ou umidade Ă© uma precaução que os profissionais da ĂĄrea da construção civil devem ter, uma vez que ela afeta os diversos materiais, o que pode diminuir a sua vida Ăștil. Fazer atenção Ă  impermeabilização Ă© relevante pois previne e evita vĂĄrias patologias como infiltraçÔes, goteiras, mofo, corrosĂŁo de armaduras, degradação do concreto e da argamassa, empolamento e bolhas em tintas, curtos circuitos, entre outros.


Uma patologia comum e difĂ­cil de ser combatida Ă© a eflorescĂȘncia, fenĂŽmeno que gera manchas brancas difĂ­ceis de sair, o que compromete a estĂ©tica do local, como mostram as figuras abaixo.


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Figura 2: EflorescĂȘncia em piscina.

A eflorescĂȘncia Ă© resultante da dissolução de sais pela ĂĄgua que percola, fenĂŽmeno designado de lixiviação. Uma vez que esses sais sĂŁo depositados na sua superfĂ­cie, reagem com o CO2 presente no ar e geram as temidas manchas brancas, mecanismo esse similar ao de formação das estalactites nas cavernas e que no caso das edificação comprometem a função estĂ©tica do local. Uma vez que a ĂĄgua, proveniente da prĂłpria obra, da limpeza ou de infiltraçÔes, permea o substrato - que pode ser de alvenaria, cerĂąmica, betĂŁo, argamassa ou outros materiais porosos - sofre evaporação ou percola para a superfĂ­cie do elemento, ocorre a deposição dos seus sais na superfĂ­cie, formando a eflorescĂȘncia. Geralmente este sal Ă© o hidrĂłxido de cĂĄlcio (Ca(OH)2), sal solĂșvel em ĂĄgua presente em atĂ© 20% no cimento endurecido (Mehta e Monteiro, 2008), que migra para a superfĂ­cie e reage com o gĂĄs carbĂŽnico (CO2) da atmosfera, formando ĂĄgua e carbonato de cĂĄlcio (CaCO3) , que Ă© a prĂłpria eflorescĂȘncia. A equação quĂ­mica abaixo demonstra essa reação.


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Entretanto não é só o depósito de sais de cålcio que pode formå-la, outros sais alcalino-terrosos (como o magnésio) e metais alcalinos (como o sódio e potåssio) também podem resultar nessa mesma patologia (Bauer, 2019).


Portanto, em resumo, para a formação da eflorescĂȘncia sĂŁo necessĂĄrias trĂȘs condiçÔes simultĂąneas: a presença de ĂĄgua, sais solĂșveis presentes nos materiais e fluxo de ĂĄgua. Caso uma dessas trĂȘs condiçÔes nĂŁo se verifique, a eflorescĂȘncia nĂŁo ocorre. NĂŁo Ă© fĂĄcil eliminar todos os sais solĂșveis e toda a umidade que esteja em contato com o substrato, mas a redução de cada um destes trĂȘs fatores Ă© imprenscidĂ­vel e reduzirĂĄ as chances, ou atĂ© mesmo evitarĂĄ, a ocorrĂȘncia desse fenĂŽmeno.


Mas afinal, como evitar esse problema na prĂĄtica?


Como jĂĄ dito, o fluxo de ĂĄgua entre as camadas do substrato deve ser evitado, por isso Ă© necessĂĄrio guiar a ĂĄgua de uma forma correta. Água acumulada nos pisos fica acumulada e pode evaporar quando da incidĂȘncia solar e aumento da temperatura, por isso Ă© importante dar um destino Ă  ĂĄgua atravĂ©s de um contrapiso de regularização com caimento mĂ­nimo de 1% em direção aos coletores e sobre ela executar uma boa impermeabilização.


A Figura 3 apresenta um exemplo de como a ausĂȘncia desse caimento gera empoçamento da ĂĄgua, que penetrou o contrapiso de proteção mecĂąnica e ficou acumulada sobre a camada de impermeabilização, a manta asfĂĄltica. Posteriormente essa ĂĄgua acumulada evaporou, o que causou o fluxo de fluido necessĂĄrio para manifestar a patologia.Apesar da laje ter coletores, faltou o caimento para levar a ĂĄgua atĂ© eles na camada abaixo da impermeabilização, chamada de camada de regularização.


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Figura 3: EflorescĂȘncia no piso.


A Figura 4 mostra uma piscina com deck em uma laje de lazer em que o caimento nĂŁo estĂĄ direcionado para um coletor, e sim para a laje no nĂ­vel inferior. A ĂĄgua, ao chegar ao final da laje do deck, gera uma trinca, por onde irĂĄ escorrer e depositar os sais solĂșveis. Tais sais em contato com o gĂĄs carbĂŽnico formam a eflorescĂȘncia.


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Figura 4: EflorescĂȘncia em deck de piscina.


No caso da impossibilidade de haver coletores para destinar a ågua, como é o caso de muitas escadas, ocorre o fluxo de ågua sobre a impermeabilização e sua saída ao final de cada um dos degraus, gerando as manchas esbranquiçadas, tal qual a Figura 5.


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Figura 5: EflorescĂȘncia em escadas.


A fim de evitar esse problema, uma possibilidade Ă© utilizar cimentos tipo CEM IV no contrapiso de proteção mecĂąnica da impermeabilização, pois possuem adição de pozolana, o que resulta em um material com menor quantidade de sais solĂșveis. Outra medida seria aplicar argamassa polimĂ©rica para evitar o contato da ĂĄgua com a camada que contĂ©m tais sais.



CONCLUSÕES


Dessa forma, em resumo, para modo a evitar essa patologia que, uma vez que aparece, Ă© difĂ­cil de ser tratada, recomenda-se:

  • Garantir um destino Ă  ĂĄgua atravĂ©s de coletores;

  • Evitar ĂĄgua acumulada por meio do caimento mĂ­nimo de 1% para os ralos;

  • Utilizar cimentos com adição de pozolana, preferencialmente o CEM IV;

  • Aplicar argamassa polimĂ©rica sobre a proteção mecĂąnica de modo a evitar o contato da ĂĄgua com a mesma.


Entretanto, de facto, o melhor investimento a ser feito para evitar a eflorescĂȘncia Ă© contar com o auxĂ­lio de um bom profissional de impermeabilização, com um projeto apropriado para cada caso e que deste modo evite a passagem de fluidos, ĂĄguas e vapores indesejados, alĂ©m de, obviamente, uma execução detalhada e bem feita;


Autoras:

Ana Luiza de Oliveira

Irene Joffily


3 de Agosto de 2020


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUER, L. Materiais de Construção. 6ÂȘ Ed. LTC. Brasil, 2019.

MEHTA, P.; MONTEIRO, P. Concreto: microsestrutura, propriedades e materiais. 1 ed. SĂŁo Paulo. IBRACON, 2008.

SANTOS, T. M. H. CorrosĂŁo das Armaduras do BetĂŁo Armado: Causas, ConsequĂȘncias, Prevenção e Projeto de Durabilidade. Dissertação de Mestrado. Instituo Superior de Engenharia de Lisboa. Lisboa, 2014. #agua #umidade #humidade #impermeabilização #eflorescĂȘncia #patologia #infiltração

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