NESTE “ESTADO DE EMERGÊNCIA” E COM MUITOS TÉCNICOS E POLÍTICOS EM CASA, OU EM PART-TIME, HÁ MAIS TEMPO PARA ANALISAR E ESTUDAR A FUNDO A LOCALIZAÇÃO DO NOVO AEROPORTO NA BASE AÉREA DO MONTIJO, OU NO CAMPO DE TIRO DE ALCOCHETE.
Antes da pandemia de Covid-19, o Governo precisava do parecer favorável das autarquias do Seixal e da Moita, tendo já o parecer positivo dos municípios do Montijo e de Alcochete.
Sabemos que a APA (Agência Portuguesa do Ambiente) deu um parecer favorável, mas condicionado a muitas medidas, para a localização no Montijo.
Sabemos também que a Ordem dos Engenheiros é contra a localização no Montijo, mas é (desde há muito tempo) a favor da localização no Campo de Tiro de Alcochete.
Sabemos ainda que, há alguns anos atrás, o LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil), fez um estudo para o Campo de Tiro de Alcochete, como sendo a localização mais viável e já com um projecto para o novo aeroporto.
E ainda sabemos que devido à proximidade entre a Base Aérea do Montijo e o Campo de Tiro de Alcochete (15 km), a construção do aeroporto no Montijo irá inviabilizar o uso do campo de tiro, pelos caças da Força Aérea, por razões de segurança.
Agora, face à recessão económica e à crise no turismo, coloca-se a questão do desenvolvimento e do melhor investimento, que se revela necessário à retoma da Economia.
Em termos nacionais, o novo aeroporto (independentemente da sua localização) vai gerar novos postos de trabalho e vai diminuir o desemprego.
Em termos locais e concretamente para os concelhos mais próximos da nova localização, a oferta de emprego vai ser positiva especialmente para os municípios de Montijo e Alcochete, independentemente da localização, pois o campo de Tiro continua a ter a proximidade das mesmas zonas urbanas.
Isto é o impacto directo. Mas, indirectamente, o novo aeroporto vai ter também um impacto significativo na economia local, nomeadamente na restauração e talvez um pouco na hotelaria e alojamento local, pois oferta de quartos perto do aeroporto dá sempre jeito a quem vem em negócios e não tem tempo para andar à volta pelas cidades.
No entanto, há um aspecto muito importante e que convém não esquecer: um dos impactos mais significativos do novo aeroporto será o aumento do trânsito local, não só de todos os trabalhadores e utentes do novo aeroporto, como de transportes de mercadorias, que poderão perturbar o ambiente urbano, se o aeroporto for construído no Montijo.
Ao trânsito já engarrafado nas horas de ponta, para aceder do Montijo para a Ponte Vasco da Gama e vice-versa, podemos juntar mais 3000 (três mil, em contas por alto) veículos de trabalhadores e de utentes. Os transportes de mercadorias deverão circular de noite, para evitar o tráfego, o que irá gerar algum incómodo e ruído nocturno.
Quem conhece o Montijo, sabe que se adicionarmos 3000 veículos por dia ao trânsito que já existe actualmente (em condições normais, sem quarentena), temos o caos instalado. Hoje, já é o que é…
As câmaras municipais do Montijo e de Alcochete irão então perceber que os ganhos com algum movimento na economia não compensam o caos em que se tornará o trânsito. A densidade de tráfego vai até ter tendência para afastar as pessoas que não querem perder tempo nas filas e o investimento tornar-se-á contra-produtivo.
As autarquias do Montijo e de Alcochete perceberão então que receberam um presente envenenado.
Para resolver este problema e com o aeroporto já instalado no Montijo, uma solução será construir um acesso directo à ponte Vasco da Gama, com portagens próprias e sem passar pelo centro da cidade (talvez por São Jacinto). Assim, para além dos milhões de Euros que já se gastaram para reduzir as medidas de impacto ambiental que a APA impõe, o Estado irá ter de gastar mais uns milhões para construir novos acessos à ponte e comprar (ou expropriar) os terrenos onde se irão construir os novos acessos. E enquanto isto, o trânsito no Montijo continuará caótico…
Ora, só o novo aeroporto fosse no campo de Tiro de Alcochete, os acessos à Ponte Vasco da Gama seriam mais directos e não atravessariam nenhuma localidade, não perturbariam o trânsito local, nem perturbariam o ambiente urbano. Há ainda a vantagem de o trânsito fluir melhor, o que representa menos tempo de deslocação nos acessos a partidas e chegadas ao aeroporto, o que é bom para o turismo, é bom para viagens de negócios e para todos os que irão trabalhar no aeroporto.
Para além disto, a localização no campo de Tiro de Alcochete permite poupar os milhões em medidas de protecção que a APA exige no Montijo, no seu parecer condicionado. E, ainda evita o risco de colisão com aves, que é o mais grave e que coloca a probabilidade de acidentes aéreos no Montijo.
A APA fez um trabalho excelente, incluindo contagem das aves e monitorização do tamanho das mesmas para o Montijo (com a utilização de radares), assim como as consequências em termos de trânsito. Se nós não percebermos todo o impacto negativo, os riscos de segurança e não formos para outra solução mais viável, mais segura e que ainda poupa dinheiro caímos num erro com consequências graves.
Queremos relançar a economia e levantar o turismo, em Portugal. Recentemente, o Governo fez um acordo com a China para exploração e investigação do espaço marítimo em torno do Arquipélago dos Açores, pois à China ter um entreposto aéreo quase a meio do Atlântico é um interesse estratégico.
Ora com todas as potencialidades que tem a Reserva Natural do Estuário do Tejo, vamos contra todas as associações ambientalistas para construir o aeroporto no Montijo, em vez de tirarmos partido do turismo no local, que também iria beneficiar o concelho do Montijo, mas de forma pacífica, sustentável e exemplar?
A solução é o Campo de Tiro de Alcochete, que ficará inviabilizado e vazio, se o aeroporto ficar no Montijo. Com o aeroporto no Campo de Tiro, o trânsito no Montijo e em Alcochete não ficará caótico, pois este espaço fica fora da zona urbana e ainda diminui consideravelmente o risco de colisão com aves.
Assim, o Montijo e Alcochete seriam municípios sem confusão, apetecíveis de visitar e com potencial para crescimento económico, planeado e sustentável.
O que o actual Governo está a fazer é incoerente, insensato e prejudicial para as localidades.
Por enquanto, ainda vamos a tempo de trocar o Montijo pelo Campo de Tiro de Alcochete.
Depois, o erro vai sair caro e, no fim das contas, quem paga é sempre o Estado e os seus contribuintes…
(Algumas das imagens em anexo são do estudo da ANA e da Vinci.)
21 de Abril de 2020
Mário Carlos Baleizão
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