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A GEOMETRIA DESCRITIVA NOS CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL


A CONTÍNUA DEGRADAÇÃO NO ENSINO DA ENGENHARIA CIVIL


A Geometria Descritiva é uma Ciência da área da Matemática, ou não fosse o seu criador, Gaspard Monge (1746 – 1818) um insigne Matemático e Engenheiro.

A Geometria Descritiva tem como objetivo imediato, nas palavras de Monge, na sua publicação Géometrie Descriptive (1795), representar sobre um plano, a épura, bidimensional, objetos tridimensionais que possam ser definidos rigorosamente.

Abre-se aqui um parêntesis para referir que Gaspard Monge foi, na École Normale, colega de Lagranje e Laplace, entre outros.



A Geometria Descritiva fornece ao Desenho Técnico a base geométrica e as relações matemáticas rigorosas necessárias à representação de objetos tridimensionais.

Mas este aspeto essencial da Geometria Descritiva não é o único. Com efeito, o seu estudo promove o desenvolvimento da capacidade abstrata de análise tridimensional dos objetos, sendo esta uma necessidade absoluta para os Engenheiros, nomeadamente, os Engenheiros Civis.


A Geometria Descritiva é ensinada no ensino secundário, ao longo de dois anos letivos, em regra, o décimo e o décimo primeiro anos, mas, um número muito significativo de estudantes que acabam por seguir para Engenharia, não frequentam a disciplina. E este fenómeno tem uma explicação absolutamente racional: numa fase tão precoce, poucos são os alunos que sabem com convicção qual o curso superior que querem seguir. Assim, frequentando, Matemática, Ciências Físico-Quimicas e Biologia e Geologia, têm um leque de opções de escolha de cursos muito mais abrangente, desde aqueles que se integram na área da saúde aos da área das Engenharias.


Assim, torna-se imprescindível que a Geometria Descritiva seja ensinada nas Faculdades/Escolas de Engenharia, logo no primeiro ano, tal como acontecia no passado. Colegas da minha idade, todos tivemos a cadeira de Geometria Descritiva.

Porém, numa rápida, e não exaustiva, pesquisa feita nos planos curriculares dos atuais Cursos de Engenharia Civil, a Geometria Descritiva (Método de Monge ou da Dupla Projeção Ortogonal) aparece só no ISEL e no IPB e sem dignidade de cadeira autónoma. Nas restantes instituições de Ensino Superior (FEUP, IST, U.Minho, U.Coimbra, U.Aveiro, U.Covilhã, U.Algarve, ISEP, ISEC, …) nem mencionada é!


Não admira, pois, que muitos colegas formados mais recentemente, revelem dificuldades acrescidas em ler um projeto! E executar cortes mais ou menos complexos? E quando se fala em resolver determinados problemas métricos (distâncias de pontos a planos, ângulos entre retas, diedros entre planos, etc? É um verdadeiro “Deus nos acuda”!

O próprio desenho de telhados de águas e inclinações múltiplas é um problema de intersecção de planos que é trivial em Geometria Descritiva. Claro que a moda das coberturas horizontais, absolutamente inadequadas para o clima do norte do país, disfarça a ignorância nesta matéria, quando ela existe.


Dir-me-ão que a Geometria Cotada substitui com vantagem a Geometria Descritiva. Nada mais errado, como poderá ser corroborado por quem dominar as duas. Complementam-se, não se substituem!


Parece que o paradigma atual para o Ensino da Engenharia (e da Engenharia Civil, em particular) se baseia na simplificação dos conteúdos curriculares: não tardará, a pretexto de que já existem calculadoras que resolvem integrais, que até o estudo do cálculo integral seja descurado!


Então o Engenheiro Civil não será mais que um Encarregado Geral!

Tristes tempos estes!


14 de junho de 2020

Eng. Henrique Fernandes


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