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  • Foto do escritorJoão Correia Gomes

VALORIZAR A ENGENHARIA: A ATITUDE CERTA PARA VENCER NESTE SÉCULO

Atualizado: 24 de mar. de 2020

Como tudo começou?


O Engenho humano foi o fator diferenciador para vencer na Natureza hostil. Sem engenho, seriamos ainda uma espécie de macacos a fugir de leões na savana africana. O engenho acompanhou a humanidade quando saiu de África e se multiplicou pelo mundo.

Com engenho utilizou o sílex para criar instrumentos para a caça, alimentou-se de carne que cozinhava com fogo e, com isso, desenvolveu o cérebro. Produziu artefactos para as utilidades diárias e a guerra. Suportou as grandes civilizações, desde as pirâmides do Egito, às estradas e aquedutos romanos, às caravelas que ligaram todos os humanos do mundo numa rede de conhecimento.


Quase sempre o engenho cingiu-se a práticas empíricas pela observação, cópia e experiência humanas. No século XVIII, aproveitou a ciência (física mecânica de Newton) e a matemática, e emerge como atividade autónoma reconhecida – a engenharia. Tal só foi possível em sociedades de elevado padrão institucional, livres do ditame ignorante, egoísta e conservador do poder como eram então as autocracias absolutistas e a igreja da Inquisição. Por isso, a Inglaterra passa a liderar a primeira revolução industrial e a dominar o mundo a partir de então.

Hoje, já na quarta revolução industrial, dependemos totalmente da tecnologia. Precisamos das cidades (saneamento, elevadores), transportes (automóveis, aviões), de informação (computadores, telemóveis, Internet), de saúde (equipamentos médicos, biotecnologia) ou da Inteligência Artificial. Esta tecnologia é fruto direto e exclusivo da engenharia, não de outras profissões, desenvolvido em sociedades mais dinâmicas, sobretudo neste século.

As restantes sociedades, menos desenvolvidas ou em estagnação, são as que parecem atribuir um papel menor à ciência e à atividade que a aplica – a engenharia. Por outro lado, as sociedades mais pobres tendem a ser dominadas por interesses restritos com âmbitos mais imediatos; por agentes mais vistosos e eloquentes e, daí, mais valorizados.

Será essa a razão para Portugal deixar emigrar os seus jovens engenheiros para outras nações que valorizam a engenharia e o conhecimento técnico? Parece gerar um futuro preocupante!




O engenheiro deve procurar soluções (técnicas) para problemas colocados pela sociedade na utilização eficaz e eficiente dos recursos disponíveis para a promoção da qualidade de vida humana e preservação da Natureza.


Para tal objetivo aplica fortes conhecimentos em matemática e ciência (todos os ramos), além do saber empírico do passado, e cruza-os através de processos racionais, dedutivos, experimentais ou lógicos. O processo de engenharia procura soluções para lá do que é óbvio, evidente, tangível, copiável, por indução (como nas restantes atividades da sociedade). Neste caso, o valor é criado e ampliado a partir de um mínimo cabaz de recursos, com menor custo comparativo, numa ótica de parcimónia e eficiência.

A engenharia emerge como o “fermento” que cria o valor extra a partir de escassos recursos, materiais e humanos. É o agente que dinamiza a mudança e a eficiência. A gestão funciona como optimizador dos recursos. O marketing funciona como promotor da perceção de valor pelo mercado.


E quanto ao futuro?



A sociedade prospera deve caracterizar-se por um constante processo evolutivo. Tal requer soluções para os emergentes problemas. A atitude do vencedor passa pela contínua inovação. Esta é intrínseca às economias mais competitivas. Por contraste, as sociedades menos competitivas, com desenvolvimento estagnado, tendem a basear a sua economia na extração, seja da natureza ou da exploração da sua população.

Para promover a inovação, a sociedade está em permanente insatisfação; mas promove a ciência e a matemática; incentiva o risco e o empreendedorismo; enaltece a rotura dos processos já estabelecidos (tradicionais). O seu ambiente institucional é favorável à dinâmica de mudança. Tal ambiente abrange a política, os sistemas judicial e financeiro ou as organizações (empresas). Só assim as sociedades conseguem o progresso competitivo. Aí, o valor é criado numa ótica de sistema, pela aplicação da inteligência e elevada sinergia.

Para este sucesso competitivo, o papel do engenheiro é crucial. Configura-se um caminho para o desastre na economia quando políticos, juristas, financeiros, comerciais, pelo seu papel de poder nas organizações, impõem as suas próprias soluções de engenharia.

O engenheiro do século XXI não pode ser um agente estático, conservador e saudosista, preso a tecnologias com sucesso, mas no passado. Não pode ser o guardião de uma espécie de biblioteca de Alexandria que, no fim, arde e perde todo o conhecimento depositado, mas inútil.

Deve provocar rotura, inovar, mas baseado no método, sobretudo o científico. Cruza novos conhecimentos científicos de várias áreas, mesmo que insólitas às abordagens usuais. Cria novas aplicações e novas engenharias.


Lisboa, 17 de março de 2020


João Correia Gomes


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