Figura 1: Mofo, infiltração e corrosão decorrentes da impermeabilização inadequada
A água sempre procura uma maneira de se adaptar. Ela não briga com o obstáculo, simplesmente o contorna, sendo por isso tão difícil de ser combatida. Proteger os locais que entram em contato constante com a água ou umidade é uma precaução que os profissionais da área da construção civil devem ter, uma vez que ela afeta os diversos materiais, o que pode diminuir a sua vida útil. Fazer atenção à impermeabilização é relevante pois previne e evita várias patologias como infiltrações, goteiras, mofo, corrosão de armaduras, degradação do concreto e da argamassa, empolamento e bolhas em tintas, curtos circuitos, entre outros.
Uma patologia comum e difícil de ser combatida é a eflorescência, fenômeno que gera manchas brancas difíceis de sair, o que compromete a estética do local, como mostram as figuras abaixo.
Figura 2: Eflorescência em piscina.
A eflorescência é resultante da dissolução de sais pela água que percola, fenômeno designado de lixiviação. Uma vez que esses sais são depositados na sua superfície, reagem com o CO2 presente no ar e geram as temidas manchas brancas, mecanismo esse similar ao de formação das estalactites nas cavernas e que no caso das edificação comprometem a função estética do local. Uma vez que a água, proveniente da própria obra, da limpeza ou de infiltrações, permea o substrato - que pode ser de alvenaria, cerâmica, betão, argamassa ou outros materiais porosos - sofre evaporação ou percola para a superfície do elemento, ocorre a deposição dos seus sais na superfície, formando a eflorescência. Geralmente este sal é o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), sal solúvel em água presente em até 20% no cimento endurecido (Mehta e Monteiro, 2008), que migra para a superfície e reage com o gás carbônico (CO2) da atmosfera, formando água e carbonato de cálcio (CaCO3) , que é a própria eflorescência. A equação química abaixo demonstra essa reação.
Entretanto não é só o depósito de sais de cálcio que pode formá-la, outros sais alcalino-terrosos (como o magnésio) e metais alcalinos (como o sódio e potássio) também podem resultar nessa mesma patologia (Bauer, 2019).
Portanto, em resumo, para a formação da eflorescência são necessárias três condições simultâneas: a presença de água, sais solúveis presentes nos materiais e fluxo de água. Caso uma dessas três condições não se verifique, a eflorescência não ocorre. Não é fácil eliminar todos os sais solúveis e toda a umidade que esteja em contato com o substrato, mas a redução de cada um destes três fatores é imprenscidível e reduzirá as chances, ou até mesmo evitará, a ocorrência desse fenômeno.
Mas afinal, como evitar esse problema na prática?
Como já dito, o fluxo de água entre as camadas do substrato deve ser evitado, por isso é necessário guiar a água de uma forma correta. Água acumulada nos pisos fica acumulada e pode evaporar quando da incidência solar e aumento da temperatura, por isso é importante dar um destino à água através de um contrapiso de regularização com caimento mínimo de 1% em direção aos coletores e sobre ela executar uma boa impermeabilização.
A Figura 3 apresenta um exemplo de como a ausência desse caimento gera empoçamento da água, que penetrou o contrapiso de proteção mecânica e ficou acumulada sobre a camada de impermeabilização, a manta asfáltica. Posteriormente essa água acumulada evaporou, o que causou o fluxo de fluido necessário para manifestar a patologia.Apesar da laje ter coletores, faltou o caimento para levar a água até eles na camada abaixo da impermeabilização, chamada de camada de regularização.
Figura 3: Eflorescência no piso.
A Figura 4 mostra uma piscina com deck em uma laje de lazer em que o caimento não está direcionado para um coletor, e sim para a laje no nível inferior. A água, ao chegar ao final da laje do deck, gera uma trinca, por onde irá escorrer e depositar os sais solúveis. Tais sais em contato com o gás carbônico formam a eflorescência.
Figura 4: Eflorescência em deck de piscina.
No caso da impossibilidade de haver coletores para destinar a água, como é o caso de muitas escadas, ocorre o fluxo de água sobre a impermeabilização e sua saída ao final de cada um dos degraus, gerando as manchas esbranquiçadas, tal qual a Figura 5.
Figura 5: Eflorescência em escadas.
A fim de evitar esse problema, uma possibilidade é utilizar cimentos tipo CEM IV no contrapiso de proteção mecânica da impermeabilização, pois possuem adição de pozolana, o que resulta em um material com menor quantidade de sais solúveis. Outra medida seria aplicar argamassa polimérica para evitar o contato da água com a camada que contém tais sais.
CONCLUSÕES
Dessa forma, em resumo, para modo a evitar essa patologia que, uma vez que aparece, é difícil de ser tratada, recomenda-se:
Garantir um destino à água através de coletores;
Evitar água acumulada por meio do caimento mínimo de 1% para os ralos;
Utilizar cimentos com adição de pozolana, preferencialmente o CEM IV;
Aplicar argamassa polimérica sobre a proteção mecânica de modo a evitar o contato da água com a mesma.
Entretanto, de facto, o melhor investimento a ser feito para evitar a eflorescência é contar com o auxílio de um bom profissional de impermeabilização, com um projeto apropriado para cada caso e que deste modo evite a passagem de fluidos, águas e vapores indesejados, além de, obviamente, uma execução detalhada e bem feita;
Autoras:
Ana Luiza de Oliveira
Irene Joffily
3 de Agosto de 2020
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUER, L. Materiais de Construção. 6ª Ed. LTC. Brasil, 2019.
MEHTA, P.; MONTEIRO, P. Concreto: microsestrutura, propriedades e materiais. 1 ed. São Paulo. IBRACON, 2008.
SANTOS, T. M. H. Corrosão das Armaduras do Betão Armado: Causas, Consequências, Prevenção e Projeto de Durabilidade. Dissertação de Mestrado. Instituo Superior de Engenharia de Lisboa. Lisboa, 2014. #agua #umidade #humidade #impermeabilização #eflorescência #patologia #infiltração
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