Mapas digitais que apresentam índices e dados úteis para entendermos melhor a mobilidade urbana em modos suaves nas cidades
Como sabemos, qualquer política de transportes nas nossas cidades deve ter em conta o estudo da mobilidade urbana. Hoje, na política de transportes, já não é só o automóvel. Esta incluí os vários modos de transporte, bem como os vários tipos de circulação e as diferentes redes de infraestruturas necessárias para que as populações e/ou bens possam circular facilmente de um ponto a outro.
Recentemente, tomei conhecimento de três plataformas digitais que podem ser úteis no estudo da mobilidade e que achei muito interessantes. Cada uma com um objetivo específico, mas todas elas se inserem na nova abordagem da mobilidade urbana.
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Walk Score | walkscore.com
O Walk Score é uma plataforma norte americana e está apenas disponível para os Estados Unidos da América, Canadá e Austrália. No entanto, considero que é interessante explorar esta ferramenta para ficarmos a conhecer como são classificadas as cidades destes países, segundo a sua acessibilidade.
Estão classificados mais de 2.800 cidades e mais de 10.000 bairros, para que o utilizador possa encontrar uma casa ideal que seja acessível ao nível pedonal, o que eles chamam de "Walkable Score".
"Acreditamos que bairros tranquilos com acesso ao transporte público, melhores deslocamentos, proximidade entre pessoas e lugares que amamos são a chave para um estilo de vida mais feliz, saudável e sustentável."
Do conjunto de índices que eles oferecem, destaco três:
- Walk Score - mede a capacidade de deslocamento a partir de qualquer endereço;
- Transit Score - mede a acessibilidade aos transportes coletivos;
- Bike Score - mede se um local é bom para andar de bicicleta.
Esta metodologia foi desenvolvida por uma equipa de consultores da Walk Score e foi validada por investigadores académicos. Podem ficar a saber mais sobre a metodologia aqui.
Os dados disponibilizados são consultados, essencialmente, por analistas e consultores no ramo imobiliário e financeiro, planeamento urbano, entidades governamentais de saúde pública.
Aconselho a visualizar o mapa de todas as cidades, acompanhado do quadro geral. Façam uma simulação, criando um intervalo de valores para o Walk Score e População. Depois escolham uma cidade e vejam as caraterísticas que esta tem ao nível de acessibilidade pedonal, as rotas de transporte público, o tempo/distância que podemos demorar/percorrer usando os transportes públicos e se esta é amigável para os ciclistas. Cliquem na imagem ou aqui.
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Mapa dos passeios de Itália | sidewalkwidths.it
(clique na imagem para abrir o mapa)
Quando consultei este mapa, para além de estar muito atual, achei super inovador.
Podemos fazer várias análises e conclusões e utilizar os dados para um melhor planeamento urbanístico das cidades e até escolher a melhor percurso para cumprir o distanciamento social. Apesar de estar regulamentada a sua largura mínima, de todos sabermos o quanto é importante uma cidade com passeios largos, até hoje nunca tinha pensado na largura dos passeios a não ser apenas quando pensava nos utilizadores de mobilidade reduzida.
Em Portugal, como sabemos, com o tradicional estacionamento automóvel abusivo, no centro das nossas cidades, pouco ou nada importa se o passeio tem a largura ideal para cumprir o distanciamento social.
Com a atual situação de pandemia, @napo (Maurizio Napolitano) produziu o mapa com as larguras dos passeios de Itália, uma adaptação ao trabalho realizado na cidade de Nova York.
"Os passeios são infraestruturas valiosas que sustentam a vida quotidiana nas cidades. Este mapa mostra a largura das áreas pedestres e, consequentemente, as áreas mais críticas, onde o distanciamento social não é possível."
Os passeios estão categorizados segundo o distanciamento social:
Inicialmente representaram-se dados em Florença, mas atualmente várias cidades italianas já se encontram com dados inseridos no mapa. Aconselho a explorarem a cidade de Milão, pela sua dimensão e pelo maravilhoso e colorido aspeto gráfico do mapa.
O autor do projeto faz uma chamada de atenção: "A consulta deste mapa não deve servir para tomar decisões que afetam a saúde ou a segurança das populações. Porque os dados introduzidos não contêm outros indicadores, como por exemplo, os obstáculos existentes. Além disso, são de fontes diferentes, com atualizações de 2012 a 2019."
+ info sobre este projeto italiano:
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CicloMapa | ciclomapa.org.br
O CicloMapa é um mapa colaborativo da estrutura cicloviária brasileira que tem como objetivo procurar ampliar a visibilidade das infraestruturas cicloviárias, disponibilizando dados que auxiliem promotores de políticas de transporte públicas para a mobilidade ciclável.
Como base cartográfica este mapa utiliza a plataforma colaborativa OpenStreetMap, de forma a incentivar a comunidade a participar voluntariamente, na atualização colaborativa do CicloMapa. É um projeto de Open Source e pode ser encontrado no GitHub.
Partilho convosco o vídeo de lançamento do projeto:
Se gostavam de colaborar, consultem os tutoriais aqui.
Este projeto foi desenvolvido por:
+ info sobre este projeto brasileiro:
Atualmente, estas três plataformas serão bem precisas, tendo em conta a situação atual de pandemia, há a necessidade de olhar para as cidades com outros olhos e repensar toda uma estratégia de planeamento territorial que inclua políticas de transportes direcionadas para a mobilidade urbana em modos suaves.
Sustentem o sustentável.
Rogério Madeira
Geógrafo
30 de julho de 2020.
Nota do autor: se conhecem mapas como estes, mesmo com outros objetivos, partilhem nos comentários ou enviem e-mail para a Engenho e Arte.
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