O Estado do Deserto da Arábia inaugurou, esta semana um espectacular museu nacional, projectado por Jean Nouvel em Doha. Faz parte de um extenso plano para transformar a pequena nação do Golfo em uma super-potência cultural.
As rosas do deserto que há muito florescem sob o sol quente do Qatar, foram imortalizadas na forma do novo Museu Nacional do Qatar. Com os seus discos curvos e ângulos em balanço, o museu floresce no meio da paisagem de Doha, um símbolo do início humilde e da ascensão espectacular de uma nação cuja história é revelada nas 11 galerias da instituição.
Custo nunca foi uma barreira
Inaugurado a 27 de Março durante uma cerimónia com a presença do Emir do Qatar, o Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani, seu homólogo do Kuwait Sheikh Sabah al-Ahmad al-Jaber al-Sabah e o primeiro-ministro francês Edouard Philippe, o impressionante edifício de 53.000 metros quadrados também reflecte a aspiração do emirado em se tornar uma grande potência cultural.
Consignado em 2011 e construído com um custo de cerca de 434 milhões USD (386 milhões Euros), o dinheiro não foi problema na criação de um vasto museu que se espalha por 1,5 km e combina, além de 11 salas de exposições permanentes e temporárias, auditório, restaurantes, cafés e uma loja de lembranças de alto design.
E enquanto procura projectar o futuro, o museu também incorpora o passado na sua estrutura, com o palácio de referência do Sheikh Jassim bin Mohammed Al Thani, o Emir do Qatar do século XIX, tendo sido reconstruido e integrado no museu como uma central local da exposição.
Uma rosa do deserto nasce no Golfo
O famoso arquitecto francês Jean Nouvel - que recentemente concluiu outro grande museu no Médio Oriente, o ramo do Louvre de Paris inaugurado em Abu Dhabi em 2017, foi contratado para projectar a estrutura, planeando reflectir a situação geográfica especial do estado do Golfo Pérsico.
"Tudo neste museu funciona para fazer o visitante sentir o deserto e o mar", escreveu Nouvel num comunicado.
Mas a flora local também foi a sua principal inspiração. "A arquitectura e a estrutura do museu simbolizam os mistérios das solidificações e cristalizações do deserto, sugerindo o padrão de inter-travamento das pétalas de rosa do deserto", escreveu.
Era um "projecto tecnicamente louco", disse Nouvel em entrevista ao semanário francês Le Journal du Dimanche. Também defendeu o facto de estar a trabalhar para um Emir do Qatar não democrático: "Para mim, a arquitectura é um acto cultural", disse ele. "Trabalho na escala do século ou dos séculos, para os povos, não para uma pessoa específica."
Reconstruindo o estado do deserto
Desde 1760 até o presente, o Qatar transformou-se duma ilha isolada de tribos beduínas e mergulhadores numa poderosa nação internacional. Tendo ficado rico com o petróleo e gás natural. O estado do Golfo agora quer fazer a sua prova num cenário cultural global.
Um país que tem apenas metade do tamanho do estado alemão de Hesse e tem menos habitantes do que Hamburgo, investe biliões, transformando a nação num centro de conhecimento. O plano "Visão Nacional do Qatar" para 2030 quer aproveitar as suas credenciais económicas, expandindo sua fama cultural, como exemplificado pelo Museu de Arte Islâmica e pelo Museu Árabe de Arte Moderna.
Mas para fazer isto, o regime do Qatar deve enfrentar também críticas de activistas dos direitos humanos sobre o suposto abuso de muitos milhares de trabalhadores, presentes nas obras para a Copa do Mundo de 2022, que será realizada no Qatar.
Projecto utópico
O objectivo final do novo Museu Nacional do Qatar é mostrar a evolução singular do estado do Golfo desde uma pequena comunidade de pescadores até uma potência económica global. A história não é apenas para ser contada através das 11 salas de exibição, mas é capturada na arquitectura que Jean Nouvel diz que abrange a geografia física, humana e económica do país, bem como sua história.
Para reflectir todas essas facetas, o arquitecto precisou de encontrar um elemento simbólico, "Então pensei na rosa do deserto, uma espécie de arquitectura em miniatura que emerge da areia e consiste em cristais criados pela evaporação da água sob a acção do vento", escreveu ele.
"Este museu é uma caravana moderna, lá entramos no deserto e voltamos com tesouros: imagens que serão lembradas para sempre".
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