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  • Foto do escritorJoaquim Nogueira de Almeida

TOMÁS TAVEIRA E O PÓS-MODERNISMO



“É DE ACENTUAR QUE O PARTENON, QUE TODA A GENTE PENSA QUE É BRANCO, ERA PINTADO A CORES QUE IAM DO AZUL PETRÓLEO AO VERMELHO SANGUE, PASSANDO PELO AZUL CELESTE E PELO OURO.”

Recentemente foi publicado em várias plataformas digitais um projecto seu de uma residência em Aveiro, que suscitou várias reacções ao seu inconfundível estilo das cores. Quer contar-nos um pouco a história desse projecto?


O projeto no fundo não tem história. É uma encomenda normal de uma família de promotores imobiliários que queriam algo diferente da monotonia da arquitectura contemporânea, isto é, de hoje.



A escolha cromática das suas fachadas são uma assinatura sua, pode explicar porquê é que não faz projectos sem esse dinamismo de cores? Esta é uma marca do seu Pós-Modernismo?


É de facto, o Movimento Pós-Moderno reintegra na Arquitectura novas formas mais libertárias e reintroduz a cor, uma marca da Cultura Clássica Greco-Romana, e que tem raízes na Cultura Grega, Mesopotâmica e Micénica, entre outras, (vide o Palácio do Rei Minos em Creta). É de acentuar que o Partenon, que toda a gente pensa que é branco, era pintado a cores que iam do azul petróleo ao vermelho sangue, passando pelo azul celeste e pelo ouro. É evidente que as escolas não ministram ensinamentos aos futuros arquitectos e a falta de cultura que existe na generalidade na sociedade, na maioria da população mesmo urbana faz com que uma atitude estética diferente cause uma perturbação no diálogo com

as formas e com as cores. Não é de admirar...




Sendo a reabilitação de imóveis uma das áreas que tem crescido mais nos últimos

anos, quer contar-nos as suas experiências neste tipo de projecto?


Em boa verdade, estou a fazer uma reabilitação no Porto. Era um Edifício industrial junto à Estação de Campanhã e que vai passar a CoWork. Mantive rigorosamente a mesma traça, os mesmos volumes e todo o edifício foi tratado apenas no seu interior. Claro que o interior é também Pós-Moderno.


“EU, COM UMA CERTA IMODÉSTIA, CONSIDERO-ME UM ARQUITECTO DO FUTURO.”

Concorda com a imposição de manter as fachadas Pombalinas e construir tudo de novo

no interior dos edifícios a reabilitar em Lisboa?


Não vejo motivo para acabar com as fachadas Pombalinas. São uma marca da Cidade à qual todos nós nos habituamos. É evidente que uma intervenção que conduzisse a uma alteração de fachadas deveria ser altamente culta e constituir uma nova proposta para uma nova ideia de quarteirão.


E qual é que acha que deveria ser a estratégia de Lisboa e Porto na preservação do património edificado?


Penso que não havendo propostas profundamente cultas e que possam de algum modo propor novas ideias, novas estruturas de comportamento, algo de profundamente novo; não

se justifica a alteração ao edificado histórico.


Sei que fez muitos projectos de habitação social (zona J de Chelas?) nos anos 70 e 80. Agora que se fala novamente em grandes investimentos na habitação de custos controlados essencialmente para arrendamento, qual acha que deve ser a estratégia que deveria ser adoptada, tanto em termos urbanos como em opções arquitectónicas e de soluções construtivas?


Há um problema mental e de atavismo na sociedade portuguesa e que se refere aos edifícios em altura! O manter-se a ideia de que os Edifícios “altos” são perniciosos é falso na medida em que podem em muito pouco espaço albergar muitas famílias, ao mesmo tempo que libertam espaço urbano, que pode ser dedicado a múltiplas actividades lúdicas lazer tout court… E podem facilmente vir a albergar equipamentos sociais (escolas, centros de saúde, juntas de freguesia, pequenos mercados de levante e de proximidade, etc…

Os custos por família ficam muito mais reduzidos, condomínios mais baratos; comunidades a partida mais sólidas, etc. Outra estratégia diz respeito à construção industrializada, quer de estruturas, quer de parâmentos! Chelas foi um exemplo que não frutificou porque os promotores e os arquitectos não dominam este tipo de estrutura construtiva!

As Câmaras também não… O que quer dizer que dos muitos milhões que dizem que vêm para habitação, se vão vão utilizar apenas uma pequena parte, com prejuízo para os mais pobres. Chelas, hoje bairro do Condado, foi construído para albergar toda a comunidade cigana e gente muito pobre que vivia no Vale de Chelas.




Considera-se um homem da arquitetura do passado ou do futuro da arquitectura (Pós-Modernismo)?


Eu, com uma certa imodéstia, considero-me um arquitecto do futuro. Do futuro do Pós-Modernismo que combate o “politicamente correcto” isto é, o eleger como a única arquitectura possível a arquitectura Branca e de algum modo combate o maniqueísmo que se instalou, um pouco por todo lado no Mundo e principalmente na Europa. Branco, linhas rectas e panos de vidro!!



CONTINUA........

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Joaquim Nogueira de Almeida


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