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  • Foto do escritorHelena M Ramos

A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DO ALQUEVA


A importância estratégica do Alqueva - o maior reservatório artificial de água da Europa


A capacidade instalada de produção de energia eléctrica começou por ser de 260 MW, tendo sido alvo de um reforço de potência, que permitiu ampliar a capacidade do empreendimento para 520 megawatts (MW), com dois grupos geradores reversíveis, que deverão produzir anualmente 381 gigawatt hora (GWh). A albufeira atinge, à cota máxima, os 250 km², sendo então o maior lago artificial da Europa Ocidental. A quantidade máxima de água retida na albufeira criada pela imponente barragem de betão e arco, com quase 100 m de altura corresponde ao volume de 4 150 x106 m3, equivalente a todo o consumo anual de água em Portugal incluindo todo o regadio, o abastecimento às populações e à indústria, o que pode parecer um valor quase infinito, atendendo à recarga constante durante o inverno, e ao consumo humano típico, que se situa entre 180 a 280 l/dia, dependendo das regiões.

O volume útil da albufeira de Alqueva de 3150 hm3 corresponde a uma amplitude de variação no nível das águas de 22 m, entre a cota 152m (nível de pleno armazenamento) e 130m (nível mínimo de exploração). Abaixo deste nível fica ainda um volume equivalente à albufeira de Castelo do Bode (cerca de 1000hm3). Destes recursos hídricos, a EDIA (segundo Jose Pedro Salema, CEO da EDIA) tem a concessão do Estado Português para extrair anualmente 620 hm3, sendo 590 hm3 para abastecimento agrícola e 30 hm3 para abastecimento público e industrial.



A importância do Alqueva na região Alentejana e para o país


O projeto Alqueva tem algumas particularidades que sustentam a sua importância geopolítica e estrutural para a sustentabilidade da agricultura alentejana tanto ao nível público como privado.



Contudo o empreendimento do Alqueva não consegue beneficiar a totalidade do Alentejo, mas muito contribui para que áreas significativas passassem a ser bastante competitivas. O Alqueva beneficia largas áreas de explorações agrícolas com regadio, embora muitas delas também possuírem áreas de sequeiro. Salienta-se que a sua capacidade de regularização vem contribuir para a uniformidade das disponibilidades hídricas.



Por outro lado, a interligação entre a grande barragem do Alqueva e outras mais pequenas permitem transvases e uma melhor gestão da utilização da água nos locais mais carenciados. O tarifário é outro facto que contribui para enaltecer a competitividade, ao permitir a existência de culturas anuais permanentes. O tarifário otimizado teve por base um conjunto de medidas através da gestão única e integrada de todo o sistema, da implementação futura do Plano Nacional de Regadios, do investimento em energias fotovoltaicas e da otimização plena dos sistemas primários e secundários de rega apresentando valores máximos de 0,077€/m3 e mínimos de 0,03€/m3, permitindo de forma sustentada a realização da maioria das culturas de regadio existentes, assegurando a sua rentabilidade e por outro lado permitindo cobrir todos os encargos de exploração do sistema.



Epicentro da Agricultura nacional


O Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA) é considerado o principal projeto estruturante do Alentejo. A região beneficia de um conjunto de infraestruturas que potenciam o seu desenvolvimento de forma integrada e multissetorial, assegurando produção de energia, compensações climáticas de humedecimento do local, criando um micro-clima na região, assegurando o potencial de rega numa zona anteriormente desertificada. O setor económico agrícola é o que se apresenta com maior destaque neste desenvolvimento do regadio, de tal forma que a região já é considerada como o epicentro estratégico-agrícola nacional.



No Alqueva existem já operacionais 120 mil hectares de área de regadio que foram inicialmente projetados. Por outro lado, a expansão da área servida em mais 47 mil hectares permite alargar substancialmente o impacto positivo do projeto na economia não só da região, mas principalmente no país.


Recentemente uma equipa liderada pelo Professor Augusto Mateus concluiu um estudo para a EDIA sobre o impacto do projeto Alqueva na economia portuguesa e as conclusões são deveras expressivas e significativas. É espectável um aumento no valor bruto da produção de 340 milhões de Euros, um incremento da riqueza criada (VAB) de 254 milhões de Euros e mais de 7500 trabalhadores envolvidos na produção (fonte: EDIA).



Deste modo, reitero o que José Pedro Salema (presidente da EDIA) afirma convictamente do quanto é fundamental encontrar o financiamento para alargar o perímetro de Alqueva, para desta forma garantir a sustentabilidade de todo o sistema, a plena utilização das infraestruturas e para maximizar a riqueza criada a partir da maior reserva estratégica de água da Europa!



O lago artificial criado pela barragem do Alqueva foi criado para revitalizar uma das zonas mais empobrecidas da Península Ibérica, acabando também por ser um polo turístico, que não pode ser esquecido, na contribuição para o desenvolvimento sustentado da região do Alentejo.



Com mais de 250 km2, a albufeira é alimentada pelas águas do Guadiana, e veio alterar a fisionomia do Alentejo, criando um microclima na região, sentido muitas vezes pela humidade atmosférica concentrada na região da albufeira, permitindo também dinamizar a própria vida dos seus habitantes. A barragem apresenta uma capacidade de armazenamento superior a 4.100 hm3, com uma extensão de costa equivalente a todo o litoral marítimo português, sendo inequivocamente uma imagem de marca do Alentejo, que impulsionou, desde logo, a agricultura e a geração de energia, e mais recentemente veio a tornar-se também no epicentro do crescimento de um turismo sustentável que pode travar o ritmo da desertificação e despovoamento que era evidente nesta região de Portugal.



Helena M Ramos

Professora no IST Técnico Lisboa

Departamento de Engenharia Civil, Arquitectura e Georrecursos (DECivil), CERIS, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa;


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