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  • Foto do escritorHelena M Ramos

ECONOMIA CIRCULAR E TRANSIÇÃO ENERGÉTICA



A economia circular representa uma mudança cultural na forma que temos de entender o sistema produtivo e de consumo, para enfrentar a falta de recursos, o impacto ambiental, a criação de valor e o emprego. Este novo modelo económico apresenta-se como um sistema de aproveitamento de recursos onde prevalece a ideia de que o melhor resíduo é aquele que não é gerado, enquanto que os resíduos inevitáveis são considerados recursos que podem ser reutilizados e reciclados.



A economia circular é um elemento fundamental para um desenvolvimento sustentável e representa uma oportunidade como motor para a ação climática e a transição energética.



Ao colocar a transição energética, baseada na utilização de energias renováveis, no centro da recuperação económica do pós-pandemia, os países desta forma podem promover a resiliência económica e contribuir para a causa climática, em simultâneo. Na sequência da crise pandémica, os governos tentam demostrar a capacidade de mobilizar esforços globalmente e acordar pacotes de investimento e financiamento sem precedentes (a tal “bazuca”), rumo à recuperação do desenvolvimento social e do crescimento económico.


A meta de se atingir a neutralidade carbónica em 2050, veio reforçar outros objetivos associados à produção de energia limpa, com base na aposta nas energias renováveis e num consumo mais sustentável e eficiente, como um processo já bem conhecido em Portugal, cujo percurso é significativo em relevância reconhecida internacionalmente. Com 2050 em mente e com objetivos mais apertados de redução de emissões de carbono, a transição energética está numa posição de aceleração, como referido pelo presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis, Pedro Amaral Jorge, 2020: “Temos 60% de toda a eletricidade consumida proveniente de renováveis e 31% de toda a energia final consumida é também renovável, mas para 2030, o objetivo é ter 80% de toda a eletricidade consumida de origem renovável e atingir os 40% renováveis na energia final consumida”, refere Pedro Amaral Jorge.


Em função dos recursos disponíveis, da potência instalada, do volume de armazenamento hídrico, é possível ter cenários de complementaridade que serão as soluções ideais para a transição energética num futuro próximo.




Verifica-se que por cada milhão de euros investido em energias renováveis, são criados três vezes mais empregos, face àqueles que seriam criados com o mesmo milhão investido em combustíveis fósseis.


No mês em que se comemoram os cinco anos do Acordo de Paris, a EREF (European Renewable Energies Federation) e a IRENA Coalition for Action (International Renewable Energy Agency) lembram que os investimentos estrategicamente focados nas energias renováveis podem colocar o planeta no caminho certo, de forma a minimizar os impactos das alterações climáticas, garantindo ao mesmo tempo benefícios sociais e económicos significativos.

De acordo com Pedro Amaral Jorge (CEO da APREN) para cumprir as ambiciosas metas com que Portugal se comprometeu no Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 - dando cartas a nível global - é preciso continuar o caminho já iniciado, deixando também espaço à inovação através das Universidades e projetos de investigação. Só assim é possível garantir menos 55 % de emissões; alcançar 47 % de energia renovável no consumo final, dos quais 80 % em eletricidade renovável; atingir níveis de eficiência energética de 35 % e garantir 5 % de hidrogénio verde no consumo final de energia.


Existem já projetos para reforçar (repowering) os parques eólicos e as centrais hidroeléctricas existentes, assim como para desenvolver novos projectos, já que o objetivo é duplicar a capacidade instalada até 2030. Além disso, está prevista a aposta no hidrogénio verde e há já investimentos em curso para novas barragens, como o Sistema Electroprodutor do Tâmega, formado por três barragens e três centrais hidroelétricas: Alto Tâmega, Daivões e Gouvães.



Deste modo, é possível reduzir emissões enquanto se cria riqueza sem desperdiçar recursos naturais, conforme enunciado na estratégia europeia de economia circular. O combate às alterações climáticas pode estar ao serviço da recuperação económica, de uma sociedade mais justa e de um território mais sustentável.


O Acordo de Paris tem como objetivo a descarbonização das economias mundiais, de forma a limitar o aumento da temperatura média global, a níveis abaixo dos 2 °C face aos níveis pré-industriais. Este acordo, ratificado por quase 200 países, determina ainda que isso reduzirá significativamente os impactos das alterações climáticas, em linha com o Relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, apresentado em 2019.


Reduzir o uso de recursos naturais mediante a aposta na descarbonização e eletrificação, ou a utilização mais sustentável dos recursos naturais através do impulsionamento do uso de tecnologias inovadoras locais e de forma descentralizada, devem ser complementadas com processos industriais e produtivos mais eficientes e limpos, priorizando projetos ecológicos, a análise do ciclo de vida dos produtos e o uso de materiais de baixo impacto ambiental.



Helena M Ramos


Professora no IST Técnico Lisboa

Departamento de Engenharia Civil, Arquitectura e Georrecursos (DECivil), CERIS, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa;



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