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CICATRIZES PÓS COVID-19 - AUTOMATIZAÇÃO DAS CIDADES

Atualizado: 22 de abr. de 2020



Após a pandemia, nada voltará ao que era, haverá uma "nova normalidade" nas grandes cidades


9 maneiras de automatizar a cidade, acelerada e movimentada por milhões de pessoas, que criarão uma "novo normal' após a pandemia


Edifícios projectados de forma especial, novas tecnologias robóticas e um aumento de trabalhadores remotos, terão efeitos duradouros no mundo pós-pandemia. Haverá muitas mudanças, acreditamos que algumas mais marcantes que outras. Ora vamos lá então explorar algumas das formas que a nossa vida será automatizada, mais depressa do que se pensa.


Grande parte da classe trabalhadora tem a mesma rotina matinal. Toca o despertador, levantamos da cama para mais um dia de trabalho e.... Imagine...


Levanta-se de manhã, toma o seu pequeno almoço, bebe o seu café, pisca o olho ao sofá e.... sentado no escritório, na mesa de jantar, onde seja, mas certamente dentro de casa, inicia o seu dia de trabalho. Pois é, isto soa-lhe familiar? Milhões de pessoas em todo o mundo estão a adaptar-se a uma "nova rotina diária" ou a uma "nova normalidade", desde que o surto de COVID-19 mostrou que o mundo não é assim tão grande, chegando em força aos 5 continentes em apenas 2 meses.


Alguns estão a habituar-se ao tele-trabalho enquanto outros a trabalhar ao lado de novas frotas de robôs (profissionais de saúde). Há espaço também para o consumo digital, onde milhares de pessoas devoram séries, filmes, música e literatura.


Agora, qual o impacto deste aumento na dependência e automação digital? Como mudará o nosso futuro? Pois é, apresentamos então os nove pontos que devido à adaptação a que fomos obrigados, causada pelo COVID-19, provavelmente formarão a "nova normalidade" nos próximos anos.



1. O impacto de nos últimos surtos passados ​​nos dizem?


Embora a escala do surto de COVID-19 possa ser sem precedentes nos tempos modernos, o impacto de surtos pandémicos históricos, que datam da Idade Média, mostram como as consequências sócio-económicas de uma pandemia podem levar a inovações e mudanças generalizadas em infra-estruturas.


Depois da Peste Negra devastar o mundo e reduzir a população da Europa em 30% durante o século XIV, grandes lacunas foram deixadas na classe operária levaram a inovações tecnológicas e sociais que estimularam o que passou a ser conhecido como o Renascimento. A epidemia de Cólera no século XIX, por sua vez, levou à construção de novos sistemas avançados de esgotos, criação de leis para a sustentabilidade do planeamento urbano, tentando assim evitar sobrelotação habitacional. Estes são alguns dos exemplos, mas muitos outros podem ser encontrados ao longo da história.


Este efeito também é visto em menor escala em países como Singapura, Taiwan e Vietnam, onde o surto de SARS de 2003 já tinha levado a alterações nas infra-estruturas e leis em aplicação hoje em dia. Ora, estes países têm sido relativamente bem sucedidos no combate ao COVID-19. pois até agora Taiwan e Singapura registaram muito poucas mortes devido ao COVID-19.


Estas mudanças históricas estão a levar os especialistas a destacar os principais sectores, onde se incluem a automação, a digitalização, a arquitectura e engenharia das cidade, onde acreditam que o COVID-19 terá um impacto duradouro.



2. Um impulso para uma ampla automatização da cidade


Embora seja difícil tirar frutos positivos de uma pandemia, podem haver alguns focos de luz que mudem a nossa vida para melhor. Como disse Peter Xing, director de iniciativas de tecnologia e crescimento da KPMG, na recente Virtual Summit COVID-19 da Singularity University, o surto oferece "uma oportunidade para a automatização acontecer na sua fase final".


Isto significa que se os restaurantes de hoje, por exemplo, estiverem a automatizar partes do processo de entrega, a nossa situação actual levará mais empresas a testar os limites da automatização nos serviços que prestam. Na China, por exemplo, o uso de drones de entrega automatizada, aumentou desde o início do surto pandémico.



Em muitos casos, as empresas que estavam prestes a experimentar métodos automatizados para partes de sua cadeia de fornecimento ou serviços, serão forçadas a dar esse passo para sobreviver. Se investirem nesta tecnologia e mostrarem com sucesso que ela realmente funciona, provavelmente não verão a necessidade de recrutar, após o controlo do surto, mão de obra para preencher estas funções.



3. Inteligência Artificial(IA), Robótica e Análise de Dados


Como já mencionado neste artigo, momentos difíceis da história ofereceram oportunidades para as inovações surgirem. Em termos gerais, a IA, a robótica e a análise de dados estão a desempenhar um papel fundamental no combate ao COVID-19. Estão a impulsionar a descoberta de medicamentos, a ajudar a avaliar a disseminação do vírus e, em muitos casos, a permitir que os profissionais de saúde realizem o seu trabalho à distância, com uma segurança que antes não era possível.


Existem inúmeros exemplos de como estas tecnologias transformaram a reacção global à pandemia. A procura por robôs emissores de luz UV para a esterilização de espaços ocupados por doentes infectados, aumentou drasticamente desde o início do surto, os médicos estão a usar a IA para rastrear pacientes com coronavírus, as empresas como a Deepmind estão a monitorizar e a publicar previsões automatizadas relativas à evolução do COVID-19.



Tudo isto levou a uma ampla reflexão sobre o papel de que a automatização das cidades pode desempenhar no futuro. Renovaram ainda os pedidos de uma Renda Básica Universal, falaremos disto mais à frente.



4. Digitalização de trabalho e entretenimento


Actualmente, estamos no meio do que pode ser visto como a maior experiência de tele-trabalho da história, com ferramentas de tele-trabalho como a Zoom, a Slack ou a Todoist, a observar um aumento sem precedentes na procura deste tipos de software.


As ferramentas para tele-trabalho continuarão a crescer, assim como os trabalhadores em tele-trabalho. A pandemia de COVID-19 já resultou em números históricos de pedidos de subsídios de desemprego, em países como os EUA e Espanha. Grande parte desta massa de trabalhadores, certamente irá ponderar qual o próximo desafio profissional que irá abraçar, procurando empregos mais seguros, contra crises futuras e que sejam relativamente estáveis ​​diante da automação acelerada da cidade, incluindo assim, trabalhos que podem ser facilmente executados em casa.



Depois, há a maneira como consumimos o entretenimento e arte, o impacto que está a ter e terá nestes sectores. Grandes estúdios de cinema como Universal Studios e a Disney, lançaram várias das suas grandes estreias de uma forma rápida, recorrendo ao streaming. São tantas as pessoas que estão a usar serviços de streaming, que a União Europeia viu-se obrigada a pedir à Netflix que reduzisse ligeiramente a qualidade de imagem dos seus conteúdos de streaming. Estranho não?! Pois é, mas o continente europeu precisou disto para que não corrêssemos o risco dos serviços de internet colapsarem.


Já o Financial Times avança que vários cinemas, que já estavam a lidar com a concorrência de lançamentos antecipados de streaming, verão os seus encerramentos definitivos devido ao coronavírus. Em geral, qualquer sector que já estivesse a enfrentar dificuldades perante a inovação e a automação nas cidades, provavelmente serão os que sofrerão o maior abalo.


Apesar dos responsáveis de grandes nações, como os EUA, puxarem literalmente o tapete à implementação do 5G, baseados em simples teorias da conspiração, vêem agora, devido à pandemia, cada vez mais incentivos para a implementação desta tecnologia de ponta.



5. Redesenhar cidades para os futuros surtos


"Temos procurado, nas cidades, redesenhar os espaços públicos para que eles também possam funcionar como áreas de logística e tratamento em situações de pandemias", afirmou à FastCompany David Green, director da Perkins and Will, empresa de design que trabalhou em infra-estruturas de saúde. Green é um dos muitos profissionais de arquitectura e design urbano que vê o efeito pandémico como uma razão para reavaliar a forma como projectamos as nossas cidades.


Como já mencionado, surtos de cólera no século XIX levaram à construção de novos sistemas de esgotos globalmente. Este é apenas um exemplo de como os surtos de doenças afectaram historicamente o urbanismo.


A automação das cidades estará provavelmente no centro de futuras inovações após o COVID-19, assim como a adaptabilidade das cidades mencionadas por Green.



O aeroporto de Changi, em Singapura, mudou recentemente o seu sistema de triagem e segurança, implementando um sistema sem contacto físico. Isto com o intuito de minimizar o tempo de espera e a proximidade dos passageiros. Esta tecnologia de triagem e segurança, em surtos, pode ser incorporada em espaços públicos, enquanto soluções mais baratas de ventilação e tecnologia de luz UV podem também ser implementadas para combater e minimizar os efeitos de doenças.



6. Infra-estruturas de transporte público


Na verdade, nos aviões o ar a bordo é bem filtrado, de forma a impedir a fácil circulação de vírus, explicou Luke Leung, director de engenharia sustentável da SOM, à FastCompany. No entanto, Leung acrescenta ainda que "podemos fazê-lo nos nossos sistemas de transportes públicos, no entanto há muito trabalho pela frente". O ar mais limpo e bem filtrado pode sem dúvida, tornar-se uma prioridade no futuro dos transportes públicos após a pandemia de COVID-19.


O transporte público, outro sector que está cada vez mais automatizado, pode também fazer parte de um novo foco na automação generalizada das cidades. Hoje, cada vez mais, constatamos viagens longas a serem feitas de forma automatizada, assim como os sistemas de IA mostram grandes promessas para evitar enormes tempos de atraso. Sistemas para comboios e metros, por exemplo, já estão a ser usados ​​para optimizar a sua eficiência, para que se consiga manter uma oferta que é a realmente procurada pelos seus utilizadores nos horários de maior pico, vulgares horas de ponta.


7. Solicitações renovadas de renda básica universal


Em 2016, um relatório do Fórum Económico Mundial, previu a perda de 7,1 milhões de empregos entre 2015 e 2020. Isso deve-se em grande parte à "inteligência artificial, robótica, nanotecnologia e outros factores sócio-económicos que substituíram a necessidade de trabalhadores humanos".


O que fazemos quando os robôs e os sistemas de IA, que alimentam estas perdas de emprego em massa, pertencem a um nicho reduzido de empresas de todo o mundo? "Os benefícios da automação não estão a ser repassados ​​ao cidadão comum", disse Peter Xing. "Estão a ir simplesmente para os accionistas das empresas que estão a apostar e a criar a automatização". Mesmo antes do paciente zero do COVID-19 ter sido infectado, houve propostas políticas, para que se aprovasse a Renda Básica Universal (UBI), em que todos os cidadãos de um país receberiam um salário mensal básico que lhes permitisse sobreviver, independentemente de estarem a trabalhar ou não.


Em Espanha por exemplo, foram anunciados planos para uma renda básica permanente a fim de ajudar famílias vulneráveis ​​após o COVID-19. Embora esta não seja uma UBI, como vários media escreveram erradamente no final da passada semana, é inegável que se trata de um grande passo em direcção a algo semelhante ao UBI em Espanha.


A força motriz dos pedidos de UBI, foi sempre a crença de que a automatização das cidades acabaria por substituir uma quantidade insustentável de empregos. Se fosse implementado agora, muitas famílias sem trabalho devido ao surto, receberiam uma ajuda muito importante como esta.


8. Vigilância "sob a pele"


Como escreveu Yuval Noah Harari, autor de "Sapiens", "Homo Deus" e "21 Lessons for the 21st Century" num artigo para o Financial Times, "Qualquer medida de emergência de curto prazo irá tornar-se um elemento vital na vida futura. Isto é a natureza das emergências, existem rápidos avanços em processos que permanecerão históricos".


Como um retrato mais sombrio da forma de como as coisas podem mudar após o coronavírus, Harari alega que medidas temporárias de vigilância podem ser legitimadas pelo surto, levando a uma vigilância sem precedentes das populações após o COVID-19, com o pretexto de impedir futuras pandemias.


Como Harari escreve, "hoje, pela primeira vez na história da humanidade, a tecnologia possibilita monitorizar todos ao mesmo tempo". A China já começou a monitorizar os smartphones das pessoas, fazendo uso das cameras de reconhecimento facial, obrigando as pessoas a informar a sua temperatura corporal e condição de saúde, acompanhou assim casos individuais generalizados por meio de bases de dados.


A distinção que Harari faz deste novo tipo de vigilância, é que é feito "sobre a pele", o que significa que permitiria aos governos, uma visão sem precedentes, da maneira como as informações alteram a nossa fisiologia - algo que poderia levar a algo semelhante ao "Cambridge Analytica 2.0".


9. Um espírito renovado de colaboração global


Embora Yuval Noah Harari preveja que os impulsos autoritários renasças de novo pelo coronavírus (falámos disto no ponto 8), também prevê um futuro em que esta pandemia possa renovar a confiança na colaboração global entre nações e um retardar da recente tendência de nacionalismo de direita.


"Primeiro e acima de tudo, para derrotar o vírus, precisamos de partilhar informações globalmente. Esta é a grande vantagem dos seres humanos contra os vírus", escreve Harari. "Um coronavírus na China e um coronavírus nos EUA não podem trocar dicas sobre como infectar seres humanos". "Mas a China pode ensinar aos EUA algumas lições valiosas sobre o vírus e como lidar com ele". No fundo assumimos aqui um politica de companheirismo, confiança e transparência, tudo com um objectivo comum, o melhoramento da vida humana em todo os sentidos práticos.


Para vencer a pandemia do COVID-19, "precisamos de um espírito de cooperação e confiança global", explica. Isto já está a ser visto globalmente, quando os ideais partidários e ideologias políticas são esquecidas em prol da união. Manifestações de solidariedade espalham-se globalmente. Assim como a comunidade científica demonstra uma rápida inovação, assente numa colaboração global. Muito disto deve-se à automação das cidades, que permite a fácil partilha de informações e experiências.


RENDA BÁSICA UNIVERSAL, CIDADES REDESENHADAS E GLOBALIZAÇÃO RENOVADA são apenas mais alguns exemplos de políticas, inovações e ideias que estão a surgir na vanguarda da atenção do público, em plena época cheia de incertezas, época esta que poderá anunciar mudanças imprevisíveis e generalizadas que serão sentidas nas décadas que se avizinham.



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