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  • Foto do escritorHelena M Ramos

A PROTEÇÃO DE LISBOA CONTRA CHEIAS E INUNDAÇÕES



A proteção contra cheias é um plano ambicioso, a cem anos, que pretende proteger a cidade da subida do nível das águas e evitar inundações, especialmente em épocas de chuva. As obras para a construção de dois grandes túneis avançam já em março de 2021, numa empreitada de 133 milhões de euros da CML.



Por ser em túnel escavado no subsolo, esta obra não terá grande visibilidade, apesar de poder proteger a cidade num período previsto de cem anos, principalmente em tempos de pluviosidade intensa que vulgarmente original cheias e inundações. É uma das maiores empreitadas para a execução dos túneis de drenagem de Lisboa, integrados num complexo sistema que percorre toda a cidade, onde estas duas estruturas assumirão um papel fundamental de armazenamento e amortecimento.


O concurso internacional ganho pelo consórcio que integra a construtora Mota-Engil e a francesa SPIE Batignolles prevê a construção para "o transvase de bacias" de dois túneis - entre Monsanto-Santa Apolónia, com um comprimento de 5 km, e Chelas-Beato, com 1 km de comprimento. Ambos os túneis terão um diâmetro de 5,5 m.


Em face das alterações climáticas, a subida do nível médio das águas do mar e conhecendo as zonas da cidade mais afetadas por cheias, o plano pretende prevenir essas situações associadas à drenagem pluvial a longo prazo. O Plano de Drenagem abarca uma área de 10239 ha em Lisboa e territórios dos concelhos de Amadora, Oeiras e Loures, variando em altitude entre o nível médio das águas do mar (0 m) na zona ribeirinha e os 250 m, em Monsanto. No Plano de Drenagem existirão dois sistemas de túneis, em Alcântara e em Chelas, novas bacias de amortecimento, o reforço e a reabilitação de coletores e sistemas elevatórios e a separação e o controlo de caudais. Mostra-se um esquema da bacia de retenção na Ajuda.



Lisboa tem tido vários episódios gravosos de cheias e inundações induzidas por precipitações intensas. Os dois túneis são os que têm maior impacto e pretendem resolver grande parte desses problemas, até porque são conjugados com bacias de retenção já existentes e com intervenções em áreas verdes, que permitem a retenção de águas. O plano da autarquia Lisboeta refere que o túnel de Alcântara "tem como função intercetar os caudais pluviais descarregando-os diretamente para o rio Tejo".



O desvio dos caudais pluviais acabará assim por aliviar toda a rede de coletores já existente, com o túnel a ter uma capacidade prevista de escoamento de caudais superior a 160 m³/s. "A dimensão do túnel permite, mesmo tendo em consideração os efeitos de agravamento devido às alterações climáticas, assegurar bons níveis de desempenho para uma precipitação com um período de retorno de 100 anos. Quanto ao túnel na zona de Chelas e Beato, que terminará no rio Tejo junto a Xabregas, o caudal máximo transportado nesse túnel para esta situação de dimensionamento estima-se ser da ordem de 140 m³/s, também para um período a 100 anos, verificando-se que o túnel garante o transporte dos caudais afluentes".


A Hidra sugere 10 Intervenções estruturantes e complementares ➢ Túnel Monsanto - Stª Apolónia (Ad) ➢ Túnel de Chelas – Beato (Ad) ➢ Bacias de retenção a céu aberto (i.e. , Alto da Ajuda e Ameixoeira) ➢ Soluções de controlo na origem (Parque Eduardo VII) ➢ Reforço do sistema da Bacia Av. de Berlim (AV Reciproca e I. D. Henrique) ➢ Reabilitação/reforço de coletores de redes primárias e secundárias ➢ Reabilitação do trecho final do Caneiro de Alcântara ➢ Redução de perdas de carga localizadas (Ex: câmara da Rua de S. José/R. Telhal ou câmara junto do Hotel Mundial) ➢ Reabilitação e controlo de caudais em descarregadores (e.g., D16, D17, D8.1) ➢ Captação de escoamento de superfície (sarjetas de passeio e sumidouros).



Entre o reservatório e a ETAR, cerca de 15 m de altura disponível, com o caudal médio de águas residuais diluído de 1 m3/s em tempo seco (e até 130 m3/s, em tempo húmido) pode ser instalada uma conduta forçada em 2 km para produção de energia hidroeléctrica aplicada em SUDs (JS Matos, 2017), salientando-se como principais objetivos o controlo de caudal de ponta e a redução de riscos de inundações a jusante, a redução de transporte sólido para o sistema de drenagem, a requalificação paisagística e a valorização do território.



Helena M Ramos


Professora no IST Técnico Lisboa

Departamento de Engenharia Civil, Arquitectura e Georrecursos (DECivil), CERIS, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa;


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